Estratégia que promove a inserção e o desenvolvimento de pequenos negócios na cadeia de valor de grandes empresas, o Conexões Corporativas soma diversos dados positivos no Brasil. A iniciativa do Sebrae já beneficiou mais de 123 mil empresas de várias cadeias de valor – agronegócio, alimentos e bebidas, mineração e siderurgia, moda, automotivo, saúde, tecnologia, para citar apenas algumas – em 595 projetos, em 25 Unidades Federativas, com 382 grandes empresas do mercado. O resultado desse programa pode ser constatado nos quase R$ 316 milhões de investimentos, que geraram R$ 8,7 bilhões em negócios. Ou seja, a cada R$ 1 investido, há um retorno de R$ 28 para os donos de micro e pequenas empresas.
O tema não é novo para o Sebrae. Desde a década de 1990, a instituição aposta na promoção do encadeamento produtivo entre grandes e pequenas empresas dos setores da indústria, comércio, serviços e agronegócios. A estratégia impulsiona a produtividade e a competitividade dos pequenos negócios, ajudando a inseri-los e mantê-los de forma sustentável na cadeia de valor de médias e grandes empresas nacionais e transnacionais.
Nesse processo em que todos os lados ganham, a grande empresa passa a contar com fornecedores aptos a atender aos seus critérios de excelência. Nesse contexto, a realização de parcerias com as pequenas pode contribuir com a política corporativa de ESG (ambiente, social e governança) dos grandes negócios. Já as micro e pequenas tornam-se mais produtivas e competitivas, vivendo uma aprendizagem orientada para o mercado e se tornando capazes de melhorar o seu desempenho. Além do mencionado, acrescenta-se a possibilidade de inserção na cadeia de valor de outras grandes empresas, conquistando acesso a novos mercados e diminuindo a relação de dependência.
Até 2019, a estratégia do Sebrae para atuação com as grandes empresas estava concentrada no Encadeamento Produtivo e na Inovação Aberta. Porém, para atender a outras necessidades das empresas e do mercado de modo geral, o Sebrae trouxe uma nova dinâmica para a estratégia, que passou a ser denominada Conexões Corporativas. Também integram essa estratégia: Inovação Aberta, Modelagem, Plataforma Conexão Digital e Encadear.
São três grandes pilares que sustentam esse processo: competitividade, inovação e sustentabilidade. O primeiro deles – e principal – fomenta a melhoria da produtividade com ganhos na qualidade e eficiência. Já o segundo pilar ajuda a empresa de pequeno porte a se diferenciar na cadeia de valor das empresas maiores, incentivando a modernização e o desenvolvimento de novos produtos e serviços. E o terceiro, a sustentabilidade, engloba o atendimento de requisitos dos pontos de vista ambiental e social. A depender das necessidades da grande empresa e da sua cadeia de valor, há um leque muito mais abrangente de soluções e iniciativas, mas mantendo o foco nos pequenos negócios integrantes dos diversos ecossistemas de grandes empresas existentes no Brasil, com vistas a melhorar o ambiente de negócios e a competitividade de todos os atores envolvidos. Mais informações podem ser encontradas no endereço: https://www.sebrae.com.br/conexoescorporativas .
Dados coletados pelo Sebrae por meio de levantamentos das iniciativas no âmbito do Conexões Corporativas comprovam as vantagens do Encadeamento Produtivo para o pequeno negócio. Foi relatado um aumento de 60% na competitividade (refletido nas estratégias, finanças, clientes, conhecimentos, pessoas e resultados) e de 112% na produtividade. As participantes também registraram uma média de 200% de ganhos no faturamento bruto, além de uma queda de 11% no grau de dependência da grande empresa e uma redução de 54% de produtos e serviços não conformes, aqueles que são entregues fora do padrão estipulado pela grande empresa.
Quem confirma a influência positiva nos negócios é o empreendedor Lázaro da Silva Medeiros, proprietário da Multimoldes Ferramentaria e Serviços de Usinagem, de Igarassu (PE). A sua empresa participou de um projeto de encadeamento produtivo em 2019/2020 com a Jeep. Segundo ele, o faturamento cresceu 40%, melhorando pontos como gestão de pessoas e produção. “O Sebrae, com as consultorias, contribuiu para o nosso aprendizado e desenvolvimento. Conquistamos amadurecimento gerencial e estratégico”, ressalta o administrador e técnico em Mecânica.
Além da identificação de negócios com potencial de inserção na cadeia de valor de grandes empresas, o Sebrae promove também ações focadas na melhoria da performance de empreendimentos já inseridos e no acesso a novos mercados. O modelo tem intensificado ações de diferenciação trabalhando com demandas mais sofisticadas de médias e grandes empresas, buscando soluções desenvolvidas por pequenos negócios de base tecnológica e startups, assim como conduzindo aquelas pequenas empresas maduras para internacionalização e inovação aberta.
Para saber mais sobre o Encadeamento Produtivo, acesse: www.sebrae.com.br/encadeamentoprodutivo .
Demanda, requisitos e aderência
O analista de Inteligência e Coordenador da Estratégia de Conexões Corporativas e Indústria do Sebrae Nacional, Renato Perlingeiro, explica que a instituição tem atuação na arquitetura do projeto. Em um primeiro momento, antes da fase operacional, é feito um trabalho de levantar e qualificar a demanda e definir os indicadores esperados pela grande empresa. Na sequência, o Sebrae mobiliza essas corporações e o grupo de pequenos negócios para aderirem ao projeto, traçando o diagnóstico e verificando quais as principais necessidades de cada um – individualmente.
O papel da grande empresa, salienta Perlingeiro, é, além de definir as empresas e segmentos prioritários para a cadeias, fornecedores e/ou clientes de pequeno porte, levantar os requisitos e o KPI’s para orientar o processo de evolução dos pequenos negócios, tendo como objetivo final a melhoria da competitividade da cadeia e a geração de negócios. Os ciclos de desenvolvimento vão de médio a longo prazo e podem durar de 12 a 24 meses.
“É preciso preparar a pequena empresa para atuar com excelência no mercado corporativo. Para isso, há uma lógica e ela precisa preencher uma série de requisitos e níveis de performance para prestar determinado tipo de serviço”, enumera Renato Perlingeiro.
Parcerias
É possível estabelecer parcerias a depender do tipo de demanda do mercado corporativo. Atualmente, estão em execução parcerias como a realizada com a Companhia Hering, na cadeia da moda, com atuação em Goiás. Nesse mesmo setor, há ainda projetos em execução ou previstos com Grupo Soma (Rio de Janeiro), Grupo Malwee (em Santa Catarina, Paraná e Espírito Santo), Riachuelo (em Santa Catarina e Minas Gerais) e Renner (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo). Já na cadeia de Serviços, há uma operação importante com a Serasa Experian nos estados de Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul.
Uma iniciativa de destaque é o projeto na cadeia do agronegócio com a Aurora, que envolve mais de dez outras cooperativas como âncoras. Esse guarda-chuva engloba mais de cinco mil propriedades em quatro estados do país: Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. O resultado dessa abordagem gera também um impacto positivo no desenvolvimento econômico e social, dada a criação de novos empregos e ao aumento da renda.
Fonte: Agência Sebrae