A última edição do Boletim Desigualdade nas Metrópoles demonstrou que a recuperação da renda da população mais pobre perdeu força nas grandes cidades brasileiras no início de 2022, mesmo com a retomada dos serviços e fim das restrições da pandemia.
Depois de cinco trimestres de alta, a média da renda do trabalho dos 40% mais pobres caiu, atingindo o valor de R$240,79 per capita.
O coordenador do Observatório, Marcelo Gomes Ribeiro, explicou o histórico do levantamento em entrevista à CNN Rádio. “Quando começou a pandemia, os mais pobres foram os que mais sentiram, numa perda em torno de 30%. No último trimestre de 2020, houve um lento processo de recuperação dos mais pobres.”
No entanto, a retomada, segundo ele, não foi suficiente para voltar ao patamar de antes da pandemia: “Neste primeiro trimestre, foi essa tendência a que estávamos assistindo que se reverteu, o rendimento caiu.”
“Essa queda tem a ver com a inflação, que foi o principal agravante para redução da renda média dos 40% mais pobres”, completou.
O professor lembrou que a inflação alta é “mais perversa com quem tem menos renda, que perde ainda mais o poder de compra quando preços se elevam, inflação tem efeito muito grande para a população mais pobre.”
Outro dado importante é que, no 4º trimestre de 2021, 26,7% das crianças de até 5 anos de idade viviam em lares com rendimentos do trabalho inferiores a ¼ do salário-mínimo per capita.
Em termos absolutos, hoje há 1,6 milhões de crianças nessa situação.
“O efeito disso é que as crianças estão tendo nível de alimentação inadequado e isso vai comprometer o processo de formação humana e o cognitivo, fundamental para o desenvolvimento escolar”, finaliza o professor.
Fonte: Contábeis