Os donos de pequenos negócios estão mais cautelosos na busca por empréstimos. A proporção de microempreendedores individuais (MEIs) e micro e pequenas empresas que procuram créditos se manteve estável, 50%, desde o ano passado.
É o que aponta a 14ª Pesquisa “Impacto da Pandemia de Coronavírus nos Pequenos Negócios”, realizada pelo Sebrae e pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). O levantamento foi conduzido de forma on-line, de 24 de abril a 2 de maio de 2022.
A pesquisa também mostrou que 2021 foi o ano em que os empresários mais solicitaram empréstimos, chegando a 43% do total – entre as micro e pequenas empresas, a porcentagem bateu os 49%; já entre os microempreendedores individuais, ficou em 37%. Ao todo, a pesquisa colheu dados de 13,1 mil pequenos negócios de 26 estados e do Distrito Federal.
O coordenador de Acesso a Crédito e Investimentos do Sebrae Nacional, Giovanni Beviláqua, acredita que essa estagnação na busca por empréstimos pode ser explicada pelo endividamento das empresas e pelo impacto da alta dos juros.
“Além de estarem mais cuidadosas ao procurar novo crédito, [as empresas] também enfrentam mais dificuldades para comprovar às instituições financeiras sua capacidade de pagamento. Já os juros, tornam os novos empréstimos mais caros do que eram no ano passado, inibindo a busca por novas operações”, explica.
Planejamento para pequenos negócios
Bevilaqua ressalta que, de toda forma, a decisão de tomar crédito necessita de planejamento.
“Todo crédito corresponde a uma dívida que deve ser paga em algum momento no futuro. Portanto, a decisão de tomar crédito deve ser muito bem avaliada e planejada pelos empreendedores. Isso vale em todas as ocasiões e, principalmente, em um cenário atual com altas taxas de juros e que pode se manter pelos próximos meses”, alerta o especialista.
De acordo com o levantamento, a maioria dos pequenos negócios (59%) tem mais de um terço dos custos mensais comprometidos com dívidas e empréstimos. Entre as MPE, esse índice é de 48% e, entre os MEI, é ainda maior: 67%.
O especialista do Sebrae Nacional afirma que os percentuais são altos e requerem atenção dos empresários, pois podem impedir que as empresas realizem investimentos e equilibrem os seus fluxos de caixa para uma retomada mais vigorosa das atividades, principalmente em um cenário de elevação de custos com a atual inflação.
“Os empresários devem se voltar para um controle mais atento de sua gestão financeira e análise dos custos. Precisam ficar atentos às possibilidades de renegociações de dívidas que estão surgindo, uma vez que esse alto grau de endividamento não é bom para todas as partes, inclusive para as instituições financeiras, pois quanto maior o endividamento, maior é o risco de inadimplência”, ressalta Bevilaqua.
Retomada das atividades
A 14ª Pesquisa de Impacto também mostrou que a situação dos pequenos negócios ainda não voltou ao patamar de 2019, período pré-pandemia. Apesar da retomada das atividades, as perdas de faturamento estão em 23%.
De acordo com Bevilaqua, é hora de os empreendedores fazerem uma análise cuidadosa e criteriosa da gestão financeira da empresa para saber onde podem atuar, sobretudo quanto ao fluxo de caixa, controle de estoque e identificação de dívidas.
“Há algumas frentes em que ele pode atuar. Uma é a receita, como realizar alguma campanha de liquidação de estoques, aumentar a divulgação de seus produtos e serviços, ampliando a sua base de clientes ou aumentando a fidelidade dos clientes atuais etc. A outra são as despesas, identificando se é possível reduzir algum custo e analisar as possibilidades de negociação de dívidas, buscando conhecer outras opções de ofertantes de crédito e serviços financeiros”, recomenda.
Segundo Bevilaqua, há hoje no Brasil uma grande quantidade de instituições financeiras, para além dos bancos tradicionais, com atuação mais próxima dos pequenos negócios e que podem ser uma opção importante para os empresários.
“Reforço a orientação para que os empreendedores não hesitem em buscar toda a orientação e o auxílio que possam obter. O Sebrae possui muitas formas de fazer isso”, conclui.
Fonte: Contábeis